UMA CASA CHAMADA SELF
Capítulo II
"Os Princípios da Victória Rubane"
Quê? Paulo Furai? Não amiga, esse aí não vale a pena! Faz o
curso de Filosofia e por cima é bolseiro. Se pelo menos estivesse a cursar
Engenharia, Medicina ou Direito, talvez valeria a pena. Agora Filosofia, já é
demais, nem sequer tem emprego. – Disse a Neli desdenhando depois da Victória
tê-la perguntado sobre o rapaz estranho que não se desgrudava dela na última
festa. Aí amiga, que decepcionante, logo o Paulo! – Acrescentou
frondosamente.
Obviamente, não se podia esperar uma opinião distinta da Neli,
quem namorava um barão com o triplo da sua idade, quem sempre cinzelava no seu
apartamento dia-após-dia presentes novos e valiosos do seu bofe, quem chamava o
namorado de Ford Ranger por razões notáveis.
Era assim que se vivia naquela casa chamada "Self",
ninguém queria ficar para atrás, os namorados já não eram chamados pelos
próprios nomes, mas sim, por aquilo que faziam, por aquilo que davam ou ainda
pela marca do carro que conduziam. Por isso, não era estranho ouvir nomes como:
meu banco, meu alemão, meu Ford Ranger, entre outros nomes. Há competitividade
era tanta que quem realmente quisesse namorar alguém por amor, ainda tinha de
procurar outros namorados para entrar na classe das mulheres mais chiques e
mais concorridas do mercado.
Pouquíssimas eram as raparigas que ainda pensavam diferente, que
ainda resistiam as tentações daquela magnífica casa. Como falavam, uma delas
era a Victória, incrivelmente ela ainda sonhava com um príncipe encantando, com
um homem que a tratasse como uma verdadeira princesa, com um homem que pudesse
amá-la para sempre e que fosse capaz de fazer loucuras de amor por ela.
Quase todos almejavam saber as razões dela não estar namorando
naquela idade, para alguns rapazes e raparigas parecia muito estranho. No
entanto, podiam existir diversas razões que até aquele momento ninguém sabia,
mas não era por falta de homem, se quisesse teria namorado muitos rapazes,
pois, era a mais bonita entre todas as raparigas daquele prédio e era seduzida
constantemente por quase todos os homens. Haviam também muitos barões
endinheirados que queriam tê-la como namorada, mas ainda assim ela se recusava.
Não porque ela vinha de uma família rica ou não tinha necessidades como as outras
raparigas daquele prédio, tratava-se apenas dos seus princípios e não queria
quebra-los.
A Victória era bastante inexperiente, entendia muito pouco sobre
namoro, teve apenas um único namorado no ensino médio, e desde lá até então nunca
mais namorou. Chegou a tentar no seu primeiro ano de universidade, mas não deu
certo e acabou desistindo. Por estar isolada durante muito tempo, alguns
chegaram a duvidar da sua orientação sexual, achavam-na uma lésbica…
Não restam dúvidas que o Paulo não era o homem que a Victória
estava a procura, não tinha pelos menos a metade dos critérios que ela sempre
desenhou em toda a sua vida. Porém, ele tinha aquele olhar fascinante e
hilariante que deixava as raparigas sem fôlego, um olhar que enfeitiçava os
olhos femininos por onde ele passava. É por isso que a Victória nunca o
esquecia, onde quer que fosse sempre imaginava aquele olhar.
Por alguns dias o Paulo não descansava confortavelmente, a sua
mente estava desgastada pelo facto dos seus pensamentos estarem grudados apaixonadamente
na desconhecida lésbica, e estava difícil desapaixonar-se dela, embora ele
soubesse que não havia nenhuma chance dos dois estarem juntos. Ele sempre
questionava-se em todos momentos e em todos lugares que estivesse, porque razão
ela tinha de ser lésbica, mas, como sempre, ele nunca tinha respostas.
Os dias passavam, porém, o Paulo e a Victória nunca mais se
cruzavam. Coincidentemente, depois de duas semanas ambos estavam nas suas
varandas pensando um num outro a mesma hora. O Paulo desfrutava-se do momento,
olhava detalhadamente no formato daqueles lábios bonitos, olhava minuciosamente
aquele olhar fulgurante que embebia os seus olhos e só se desfez daquele
sorriso perfeito que ela emitia depois dela tê-lo visto. Porquê ela tinha de
ser uma lésbica? – Disse o Paulo em surdina. Será que estou a amar? – Perguntou-se
a Victória saltando calmamente para a sua cama.
No dia seguinte ambos reviram-se nas escadas. Enquanto o Paulo
descia cantando, a Victória subia para o seu quarto segurando uma cesta de ovos
sobre as suas mãos e uma pasta nas suas costas. Assim que ela o viu inclinou a
sua cabeça para baixo e fingiu não tê-lo visto, devido a maneira ingénua que
subia os degraus ela escorregou deixando todos ovos partidos no chão, e acabou
parando nos lindos braços do Paulo. Repentinamente a Victória ficou trêmula,
ambos estavam segurando um no outro fortemente e os seus lábios afastados a
milímetros de distância…
Lavimó da Verónica
Gosto bastante, parabéns
ResponderEliminar😂😂😂😂😂😂. Possas Lavimó, vou começar a pensar que nos dias que batíamos papo nas escadas estavas a estudar meu comportamento pra escrever essa novela.
ResponderEliminarEstou esperando por mais para poder ler